quinta-feira, 27 de novembro de 2008

three melon tickets to the sound of the sweetest countdown.

domingo, 23 de novembro de 2008

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Quando eu estiver com sessenta e quatro


Quando eu ficar mais velho, perdendo meus cabelos
Muitos anos adiante
Você ainda irá me mandar presentes no dia dos namorados
Saudações no aniversário, garrafa de vinho?
Se eu estiver fora até quinze pras três
Irá trancar a porta?
Você ainda irá precisar de mim, ainda irá me alimentar
Quando eu estiver com sessenta e quatro?

Você estará mais velha também
E se você disser a palavra
Eu poderia ficar com você

Eu posso ser útil, consertando um fusível
Quando suas luzes apagarem
Você poderia me tricotar um suéter perto da lareira
Nas manhãs de domingo iremos dar uma volta
Fazendo o jardim, cavando a erva daninha
Quem poderia pedir por mais?
Você ainda irá precisar de mim, ainda irá me alimentar
Quando eu estiver com sessenta e quatro?

(...)

Mande-me um cartão postal, me manda um telegrama
Informando o ponto de vista
Indique precisamente o que quer dizer
Estás sinceramente, se desperdiçando
Me dê uma resposta, preenche um formulário
Minha para todo o sempre
Você ainda irá precisar de mim, ainda irá me alimentar
Quando eu estiver com sessenta e quatro?


The beatles

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Para rosada

Ele a projetou em sua imaginação e, como de costume ou sem esforço algum, a manteve ali, docemente concreta. Então, olhou-se no espelho: via-se singelo. Tornou-se a olhar, meio que de banda: singelo, sereno... nada mais. Não entendia tal automática e encharcada fisionomia. Era a que, de fato, expunha sempre ao vê-la. Talvez pintaria no rosto o leque de cores do dia, as que sempre via de janela para o mundo e absorvia numa espelhada aquarela interior própria. Talvez, só assim conseguiria decorar o rosto com a arte de releitura mais fiel, que emergia vorazmente de dentro e que vivia ansiosa por exibição.


Já estavam sentados na areia da praia, à convite dele, para ver a primeira lua cheia do novo ano. Ela, regida pelos quartos da lua que era, parada ao seu lado, com seus olhos perfeitamente redondos e vivos, sempre à captar por inteiro os momentos. E dela, as cores de tudo que ele sempre via nela, projetavam-se levemente e de forma pura, forma essa que ele guardara como essência eterna. Era invadido por uma dor prazerosa-pulsante, ritmada pelo coração. Como expressar naquele rosto o que realmente via quando a via? Teria de explicar que nela residiam as auroras de ares refrescantes, o azul, o baunilha espelhado do pôr-do-sol num dia nublado, o violeta alaranjado à luz, as rotas brilhantes de estrelas e de estradas em nuvens. Não iria explicá-la, com palavras certamente seria infiel a ele mesmo. Só a olharia. Olharia como olhava a lua, três certas estrelas e o mar.

Olhou-a com a expressão que era só dela. Enfim, expressou-se:

- Faz-me sereno.
- O céu ou eu?
- Céu teu.

Era-lhe rosa, ela.



gabriel